segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Sobre os ventos franciscanos que sopram do Vaticano


      A propósito da recente correção do Cardeal Sarah, feita pelo Papa Francisco, relativamente ao papel do Vaticano acerca das traduções dos textos litúrgicos:
      "Francisco não é fã de esclerose. A visão que ele tem de uma Igreja engajada, a acompanhar o povo, um hospital de campanha, sujando-se nas ruas, é o contrário da mentalidade de “prisioneiro do Vaticano” que predominou na segunda metade do século XIX e que ainda predomina entre todos aqueles católicos doutrinários que se preocupam mais com a contaminação do que com a evangelização, aqueles que, involuntariamente, matam a tradição porque querem que ela seja estática e imóvel – irreformável, como gostam de dizer –, quando uma tradição, que é viva, está sempre se alargando, adaptando-se, estendendo a mão de volta às suas fontes mais profundas para ultrapassar as incrustações culturais que impedem o crescimento saudável.
      Não devemos zombar destas incrustações culturais, tampouco deveriam elas ser abandonadas, pois representam as tentativas das gerações anteriores de viver a fé que tiveram, e uma fé que não gera cultura é uma fé morta. Mas a fé também morre quando confundimos estes antecedentes culturais com exemplos completamente adequados de inculturação para a nossa época e nossas culturas. Não honramos os que vieram antes de nós pondo os pingos nos nossos i’s e cruzando os nossos t’s de forma servil. Nós os honramos certificando-nos de que a nossa fé antiga, em nosso tempo, está gerando cultura também".
      Michael Sean Winters, in National Catholic Reporter, 25-10-2017, com tradução de Isaque Gomes Correa. Texto completo AQUI. [Imagem: quadro de Ellsworth Kelly]

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