quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Taizé em Basileia: Uma alegria que nunca se esgota


 Vista de Basileia (foto reproduzida daqui)


Nesta quinta-feira, 28, dezenas de milhar de jovens de toda a Europa estarão em Basileia para participar em mais uma etapa da peregrinação de confiança animada pela comunidade monástica ecuménica de Taizé.
Até 1 de Janeiro, os jovens viverão um conjunto de propostas e iniciativas de oração, reflexão, cultura e encontro na cidade que acolheu a primeira parte de um concílio católico (o concílio de Basileia-Ferrara-Florença, entre 1431-1445), que se distinguiu como um dos principais centros da Reforma protestante e que foi lugar de ensino para Nietzsche, o filósofo da “morte de Deus”.
Depois do encontro de Estrasburgo, em 2013, que mobilizou comunidades de dois países diferentes (França e Alemanha), esta é a primeira vez que tal encontro movimenta pessoas de três países – Suíça, França e Alemanha – depois de a comunidade ter sido convidada por onze responsáveis de diferentes igrejas.
Como preparação para o encontro e ponto de partida para as reflexões que serão animadas em Taizé ao longo do ano de 2018, o irmão Aloïs, prior de Taizé, escreveu uma carta intitulada Uma alegria que nunca se esgota, que a seguir se reproduz na íntegra:

Uma alegria que nunca se esgota

No ano passado, uma jovem muito doente disse-me: «Amo a vida». Continuo muito emocionado pela alegria interior que a preenchia, apesar dos limites muito grandes impostos pela doença. Fiquei tocado não apenas pelas suas palavras, mas também pela bela expressão do seu rosto.
E que dizer da alegria das crianças? Vi-a recentemente em África. Mesmo em campos de refugiados, onde se concentram tantas histórias dramáticas, a presença delas faz irromper a vida. A sua energia transforma um conjunto de vidas despedaçadas num viveiro cheio de promessas. Se elas soubessem o quanto nos ajudam a manter a esperança! A sua alegria de viver é um raio de luz.
Gostaríamos de nos deixar iluminar por estes testemunhos quando fizermos, ao longo do ano de 2018, uma reflexão sobre a alegria, uma das três realidades – com a simplicidade e a misericórdia – que o irmão Roger colocou no coração da vida da nossa Comunidade de Taizé.

Com um dos meus irmãos, fomos a Juba e a Rumbek, no SUDÃO DO SUL; depois, fomos a Cartum, a capital de SUDÃO, para compreender melhor a situação destes dois países e rezar junto de algumas das pessoas que mais sofrem no nosso tempo.
Visitámos as várias igrejas, vimos o seu trabalho no ensino, na solidariedade, a cuidar dos doentes e dos excluídos. Fomos recebidos num acampamento para pessoas deslocadas, onde estavam nomeadamente muitas crianças que os pais perderam em acontecimentos trágicos.
Fiquei particularmente impressionado com as mulheres. As mães, muitas vezes muito jovens, transportam consigo uma grande parte do sofrimento causado pela violência. Muitas tiveram de fugir à pressa. No entanto, permanecem ao serviço da vida. A sua coragem e esperança são excepcionais.
Esta visita tornou-nos ainda mais próximos dos jovens refugiados do Sudão, que há dois anos acolhemos em Taizé.
Antes disso, fui com dois dos meus irmãos ao EGIPTO para um encontro de jovens que teve lugar durante cinco dias na comunidade Anafora, fundada em 1999 por um bispo copta ortodoxo. Vivemos um tempo de oração, de conhecimento mútuo e de descoberta da longa e rica tradição da Igreja do Egipto. Vieram cem jovens da Europa, América do Norte, Etiópia, Líbano, Argélia e Iraque; foram acolhidos por uma centena de jovens coptas do Cairo, Alexandria e Alto Egipto.
Estivemos particularmente atentos tanto ao legado dos mártires da Igreja Copta, quanto ao seu passado monástico, que é um constante apelo à simplicidade de vida. Com os meus irmãos, fomos recebidos calorosamente pelo Papa Tawadros II, líder da Igreja Copta Ortodoxa.
Quando regressámos de África, dizíamos a nós mesmos: a voz dos que conhecem duras provações – estando muito longe ou muito perto de nós – é muito pouco escutada. É como se o seu choro se perdesse no vazio. Ouvir esta voz através da comunicação social não é suficiente. Como lhe poderemos responder com as nossas vidas?

(O texto segue depois com quatro propostas para 2018, que podem ser lidas neste endereço; sobre o encontro de Basileia, pode ler-se aqui o programa geral e outras informações estão disponíveis nesta ligação. As meditações diárias do irmão Aloïs ficarão disponíveis nesta página.

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