segunda-feira, 9 de abril de 2018

Manuel Antunes: Centenário do padre, pedagogo da democracia, que lia de Homero a Marx e aos contemporâneos

Agenda/Evocação


O padre Manuel Antunes na biblioteca da revista Brotéria

Uma exposição itinerante intitulada Padre Manuel Antunes, sj: Pedagogo da Democracia, dedicada ao autor de Repensar Portugal será inaugurada nesta terça-feira, dia 10 de Abril, às 11h30, no átrio da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, marcando o início das comemorações do ano centenário do antigo professor universitário e director da Brotéria.
Manuel Antunes (1918-1985) foi uma personalidade que, embora não muito conhecida, se destacou entre aqueles “que sonharam um mundo melhor e inspiraram a sociedade livre e democrática em que hoje vivemos”, como diz a nota de divulgação da exposição. Padre da Companhia de Jesus, foi professor de mais de 15 mil alunos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Entre eles, estão muitos que entretanto se viriam a tornar personalidades destacadas da vida portuguesa, na política e na economia, no ensino, na literatura e nas artes.
Entre muitos outros, estão figuras como Marcelo Rebelo de Sousa, Maria do Céu Guerra, Maria Filomena Mónica, Jaime Gama, Lídia Jorge, António Dacosta, Sophia de Mello Breyner Andresen, Luís Miguel Cintra, José Barata-Moura, José Pedro Serra ou Ana Zanatti.
Ajudou muitos, diz ainda a mesma nota, “com sabedoria e paciência revolucionária, aquando da perseguição política e da censura, de que também foi alvo”. Mas a vastidão de pensamento de Manuel Antunes levou-a a reflectir sobre temas e problemas muito diversos, não só da contemporaneidade, como também na sua relação com o passado e na perspectivação do futuro. Essa obra enciclopédica – que abarca domínios tão diversos como a filosofia, psicologia, história, teologia, literatura, sociologia, antropologia, economia, política, civilizações antigas e modernas – foi reunida em 13 volumes, na colecção Obra Completa, publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Quer a publicação da Obra Completa quer este ano centenário foram precedidos pelo congresso internacional que, no final de 2005, iniciou a “projecção” da herança intelectual do padre jesuíta. Nessa altura, começou a debater-se a raridade do pensamento e da vasta cultura de Manuel Antunes no século XX português; a actualidade e universalidade dos seus escritos e uma mensagem que ultrapassa o seu tempo; a figura humana de "conciliador nato, mas não eclético", na expressão de Eduardo Lourenço; a opção clara pela democracia e pela justiça social, como na ocasião Arnaldo Espírito Santo recordava nesta notícia.


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